terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

vinte e um e quarenta e sete

Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender. Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras. Sinto que sou muito mais completa quando não entendo. Não entender, do modo como falo, é um dom. Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender. É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez em quando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo.

Clarice Lispector


Esse trecho me fez refletir exatamente sobre estado em que me encontro. O fato de não escrever, não pensar muito, não faz de mim menos do que sempre fui.
Apenas as palavras não vem até a ponta dos dedos, elas se quer aparecem claras na minha mente, é impossivel pensar muito, é impossivel traduzir-se.
Acho que isso já diz por mim.
Amém.

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